quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FILMES: DOGVILLE


Dogville é para mim um filmaço. Entrou na minha lista dos melhores filmes que já vi. E esperei tão animada para a sequencia que foi Manderlay, e achei uma droga. Uma pena!!
Dogville retrata uma pequena cidade, com poucos residentes, em algum lugar entre as montanhas do meio-oeste norte-americano. Pela história percebemos que é ambientada durante a Grande Recessão Americana e gira em torno da personagem da talentosa Nicole Kidman, Grace, de início sabemos apenas que Grace foge para Dogville porque diz ela, estar sendo perseguida por gangsteres, encantado com a moça, um dos moradores,  Tom (Paul Bettany) propõe que a cidade ofereça abrigo a Grace que, em troca, faria pequenos serviços para seus moradores. Depois de uma votação Grace é aceita para ficar lá, só que aos poucos, os amáveis moradores de Dogville, começam cada um a mostrar uma face verdadeiramente cruel da sociedade e passam a tratar Grace como uma verdadeira escrava e ela simplesmente não consegue mais deixar o lugar.
Von Trier criou um espaço cinematográfico simples e despojado, a cidade era como um grande palco, marcando todos os limites das casas no chão, um cenário simplíssimo, mas com uma história arrebatadoraO cenário invisível (sem paredes, janelas ou portas) permite que o espectador veja os coadjuvantes em seus afazeres longe do foco principal da ação. Além de servir como metáfora do filme, não desviando a atenção do espectador para nada além da narrativa, e acompanhamos tudo até quando Grace é estuprada.
Ao abdicar dos cenários e dos adereços, o diretor procurou valorizar o âmago de cada personagem para que o espectador, despojado do “supérfluo” e do “superficial”, pudesse olhar apenas para o que verdadeiramente interessa em seu filme: a desumanidade que “emana” da humanidade.
O  filme tem um grande elenco, além de Nicole Kidman e Bettany, temos Chloe Sevigny e a esplendorosa e diva do cinema Lauren Bacall.
Lars Von Trier ataca muito a sociedade americana, mas acho que toda aquela parábola moral que o filme mostra se encaixa em qualquer sociedade.
De maneira bastante moralista o filme afirma repetidamente, e de forma agressiva, que todos somos responsáveis pelos nossos atos, e se temos problemas é porque não fazemos o suficiente para resolvê-los. Assim, nossa ignorância e ausência de um verdadeiro interesse pelo coletivo, ilustrado em várias passagens, é a alavanca que causa dor e sofrimento a nós mesmos; como, por exemplo, na seqüência em que um morador é reprimido verbalmente pelos outros dentro da igreja, ao lembrar que eles nunca se ajudam.
O final é tão extraordinário que acaba que gostamos dos supostos vilões da sociedade pois são eles que fazem uma justiça quase divina no final do filme..como um dilúvio para limpar toda aquela iniquidade do local, é como o “Dia do Juízo Final”.
O filme é longo, são quase três horas, mas não é cansativo, de forma alguma, você fica tão captado com a história que você não percebe a hora passar. No final do filme temos fotografias tiradas nos EUA na década de 1930 e com um fundo musical de "Young Americans", de David Bowie, reafirmando a crítica do diretor à política estadunidense. 


Como bem disse o historiador Alexandre Valim, "em Dogville, Lars von Trier apresenta uma percepção pessimista da humanidade, onde impera o cinismo, a hipocrisia, a chantagem, a vingança, a mentira, e uma visão dogmática que, além de rejeitar qualquer alternativa, simplifica e naturaliza a maldade."

Um filmaço, merece ser visto, revisto e debatido.

Dizem que a Nicole Kidman ficou tão estressada com as cobranças de realismo que Von Trier cobrava, vide a cena  de estupro que parecia ser mesma real, que a atriz jurou nunca mais trabalhar com ele.

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