Pelo menos nos últimos setenta anos, nunca houve tanta demora no preenchimento de vagas de trabalho. Vejamos outras informações importantes do relatório da OIT:
● Desde 2007, antes da mais recente crise econômica mundial, as taxas de
emprego aumentaram só em seis das trinta e seis economias ricas. Mesmo
com os sinais de retomada econômica em certas regiões e países, a
situação mundial do emprego é extremamente inquietante e não dá mostra
nenhuma de alguma recuperação no futuro próximo. Com os dados coletados podemos dizer que aproximadamente 50
milhões de postos de trabalho foram perdidos na comparação com antes da
crise, é muita coisa.
● O desemprego se ampliou particularmente entre grupos mais vulneráveis,
como os jovens (idade de 15 a 24 anos). As taxas de desemprego dos
jovens aumentaram em cerca de 80 por cento nos países ricos e em cerca
de 66 por cento nos países pobres (“emergentes” ou “em
desenvolvimento”). Em média, mais de 36 por cento dos jovens que
procuram emprego nas economias ricas estão sem emprego por mais de um
ano (desemprego de longo prazo).
● Os níveis de pobreza aumentaram em 50 por cento nas economias ricas e
em 33 por cento das economias pobres. Ao mesmo tempo, as desigualdades
se aprofundaram em 50 por cento das economias ricas e em 25 por cento
das economias pobres. As desigualdades também se ampliaram em termos de acessoà educação, alimentação, terra e crédito.
● Em média, mais de 40 por cento dos trabalhadores procurando emprego
nas economias ricas estão desempregados há um ano ou mais. Esses
desempregados de longa duração são desmoralizados e perdem suas
qualificações, o que afeta suas chances de encontrar um novo emprego. A
maioria das economias pobres, ao contrário, registra um recuo do
desemprego de longa duração assim como das taxas de inatividade. A taxa
de desemprego de longa duração aumentou mais significativamente na
Dinamarca, Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.
● O trabalho a tempo parcial não voluntário aumentou em dois terços das
economias ricas. O emprego temporário também aumentou na maioria dessas
economias. O emprego informal situa-se em mais de 40 por cento em dois
terços dos países pobres. Nos países ricos, os novos empregos criados no
período recente também são cada vez mais precários. As formas de
emprego não convencional estão a aumentar em mais da metade das
economias pesquisadas.
● Em 26 dos 40 países dos quais a OIT dispõe de dados, a proporção dos
trabalhadores cobertos por um acordo coletivo declinou entre 2000 e
2009. Vinte e oito por cento dos países pobres implantaram políticas
visando reduzir as contribuições sociais durante a crise 2008-2009,
frente a sessenta e cinco por cento nas economias ricas.
● Atingindo 19,8 % do PIB em 2010, os investimentos mundiais ficam a 3,1
pontos percentuais abaixo da média histórica, com tendência baixista
mais pronunciada nas economias ricas. Em todas as regiões, as pequenas
empresas tiveram seus investimentos afetados pela crise de maneira
desproporcional.
Verificamos (ou
confirmamos) com os dados da OIT que ocorre atualmente uma tendência à
globalização da miséria da periferia em direção às principais metrópoles
imperialistas. O risco maior de termos com essa pauperização globalizada uma forma de aumentar a taxa de exploração na ponta do
sistema.
Inegável que as grandes corporações e demais capitalitas estão se aproveitando dessa estratégia de esmagamento dos salários e
das condições de existência da classe operária nas principais economias
do sistema – Estados Unidos, Zona do Euro e Japão.
Conseguiram evitar a crise geral do capital aumentando adequadamente a
taxa global de mais-valia e, simultaneamente, a pobreza das massas operárias.
Os patrões, não parecem muito preocupados com as
consequências sociais, no futuro próximo, dessa perigosa estratégia de
manipulação sanguinária do exército industrial de reserva mais
globalizado do que nunca. Seus economistas e seus burocratas das
instituições multilaterais, ao contrário, estão inquietos – os redatores
do relatório da OIT, por exemplo, advertem logo de cara para a
necessidade de se prepararem para “uma nova fase ainda mais problemática
da crise mundial do emprego”.
Primeiramente, anotam eles, os jovens serão os mais afetados: “Entre os
grupos por idade, desde 2007, a taxa de desemprego de longo prazo
apresenta maior crescimento entre os jovens do que entre os adultos. Na
metade das economias ricas, a taxa de desemprego entre os jovens passa
de 15 por cento. Do mesmo modo, as taxas de inatividade também cresceram
mais entre os jovens em todas economias. Isso tem um enorme custo
econômico, em termos de perda de qualificação e motivação, e pode
provocar uma depreciação do capital humano. Isso pode ser
acompanhado também por movimentos sociais com crescimento dos conflitos
sociais, revoltas, degradação, e assim por diante”.
Para medir as consequências sociais do desemprego, os funcionários da
OIT apresentam um novo e interessante índice, que, doravante, tal como a
taxa de desemprego, acompanharemos atentamente: “O clima social se
deteriorou em numerosas regiões do mundo e novas turbulências sociais
podem acontecer.
Segundo o Índice das Turbulências Sociais, como aparece neste relatório,
57 dos 106 países analisados mostram um risco crescente de conflitos
sociais em 2011, frente a 2010”.
1 International Labor Organization – “World of Work Report 2012 – better jobs for a better Economy” – Genebra, 29/Abril/2012. www.ilo.org
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