terça-feira, 15 de novembro de 2011

A VIDA DE HENRIETTA LACKS E SUA CONTRIBUIÇÃO ANÔNIMA PARA A MEDICINA

Henrietta Lacks, nasceu como  Loretta Pleasant no dia 1º. de agosto de 1920 em Roanoke, Virginia, EUA. Seus pais se  chmavam Eliza (1886-1924) e John Randall Leasant (1881-1969). Seus descendentes não saben como ocorreu a mudança de nome de Loretta para Henrietta. Sua mãe morreu depois da dar à luz o seu 10º filho em 1924.
Henrietta cresceu com os avós em Clover, Virginia. Henrietta Pleasant se casou com seu primo, David “Day” Lacks (1915-2002) em Halifax, Virginia. Henrietta e David se casaram em 1941, depois do nascimento de dois filhos, muitos na família ficaram surpresos com o caso dos dois, porque eles cresceram juntos, como irmãos.
Depois de convencer o marido a ir para Maryland atrás de trabalho, Henrietta se junta a ele em 1943. David trabalhava em um estaleiro na cidade de Sparrows Point, em Maryland, mas vivia em Dundalk, Maryland. 
Do casamento de Henriquetta e David, nasceram cinco filhos: Lawrence (1935), Elsie (1939 - 1955) era surdo-muda, David “Sony” Jr. (1947), Deborah (1949) e Joseph (1950, que depois passou a se chamar Zakariyya Bari Abdul Rahman). 
Elsie, que era descrita pela família como "diferente" e "surdo-muda", morreu no Hospital Estatal de Crownsville em 1955. Depois foi descoberto que ela era vítima de abusos e que foram feitos furos em sua cabeça para experimentos. Na época em que Elsie foi internada, por volta de 1950, sua mãe, Henrietta descobriu que possuía inflamações e sangramentos.
No dia 1º. de fevereiro de 1951 depois de um tratamento que fez contra o pólio em Nova York, Henrietta foi para o Hospital Johns Hopkins devido a dores intensas na região do útero e sangramentos. Nesse dia ela foi diagnosticada com câncer cervical e a aparência do tumor era diferente a qualquer outra visto pelo ginecologista, Dr. Howard Jones; este que mais tarde, junto com a sua esposa Georgeanna, fundaria o Jones Institute for Reproductive Medicine na Faculdade de Medicina da Viriginia Ocidental, em Norfolk, Virginia.
Sem o conhecimento de Henrietta, foram extraídas células do tumor para estudos. Na sua segunda consulta, o Dr. George Otto Gey recolheu outras mostras do tumor, foi dessa mostra a origem das células HeLa. 
Lacks foi tratada com radioterapia durante vários dias. Depois foi submetida a tratamento com raio X. Mas a sua saúde foi ficando cada vez pior e os médicos do Hospital Hopkins a trataram com antibióticos, pensando que seu problema estaria sendo piorado pela doença venérea (tinha neurosífilis e gonorréa  aguda). O quadro de dor não melhorava, Lacks regressou ao Hospital Hopkins sendo internada no dia 8 de agosto, e ficando ali até a sua morte. Ainda que recebesse constantemente tratamento e transfusões de sangue, morreu dia 4 de outubro de 1951 por insuficiência renal. 
Uma autopsia parcial posterior mostrou que o câncer tinha dado metástase e tinha se espalhado por todo o corpo. Henrietta Lacks foi sepultada sem lápide em Lackstown. Não se sabe a localização exata da sua sepultura, ainda que sua família acredite que fique a pouca distância do túmulo de sua mãe.


No início da década de 70, a família de Henrietta recebia diversos pedidos de cientistas para que fizessem exames de sangue pois havia muito interesse em conhecer a genética da família. A família passou a querer saber por que esse grande interesse científico por eles e então ficaram sabendo sobre as células retiradas de Henrietta e que estas eram raras para o estudo da medicina.
As células do tumor de Henrietta foram investigadas por George Otto Gey, este descobriu que as células de Henrietta possuíam um fator raro: estas se mantiveram vivas e cresciam fora de um organismo vivo. Gey deu a essas células o nome de  "HeLa" as letras iniciais do nome de Henrietta Lacks. Estas foras as primeiras células humanas foram desenvolvidas em laboratório e que ficaram "imortais" (não morriam depois de algumas divisões celulares), e graças a essas células diversas pesquisas foram feitas, permitindo um enorme avanço para a investigação médica e biológica. 
De acordo com o jornalista Michael Rogers as pesquisas com as células HeLa ajudaram a desenvolver a vacina para a cura da poliomelite, em 1954. A demanda de células HeLa cresceu rapidamente.
As células de Henrietta serviram para pesquisas em todo o mundo para diversas investigações: desde pesquisa contra o câncer, AIDS, os efeitos da radiação e substância tóxicas, mapeamento genético e um sem número de pesquisas para diversos fins científicos. As células HeLa foram empregadas também ajudaram no aperfeiçoamento da fita adesiva, em diversos adesivos, em cosméticos e diversos outros produtos. 
Os cientistas produziram 20 toneladas de células de HeLa, embora ninguém tenha descoberto ainda como se deu a origem das células e de suas particularidades. Hoje no mundo há mais de 11.000 produtos que em seus componentes utilizam as células HeLa.
Aí está o grande problema ético, a família de Henrietta não recebeu um centavo por conta desses experimentos com as células dela. Nem ao menos sabiam que células de Henrietta tinham sido tiradas para pesquisas.
Em 1996, a Faculdade de Medicina Morehouse de Atlanta e o prefeito de Atlanta, reconheceram tardiamente as contribuições da família de Henrietta Lacks para o avanço da medicina e da tecnologia. 
Uma resolução do congresso em sua homenagem foi feita logo depois.
Em 1998 a BBC apresentou um documentário sobre o tema: The Way of All Flesh sobre Lacks e as células HeLa, ganhando o prêmio de melhor documentário sobre ciência e natureza (Best Science and Nature Documentary) no Festival de Cinema Internacional de São Francisco.
Outros também mais tarde foram homenageados, Dr. Gey, sua assistente na descoberta da célula HeLa Mary Kubicek, e a esposa do Dr. Gey que trabalhava como enfermeira, Margaret Gey, que disse "quem estudar essas células vai vencer o câncer".
A escritora Rebecca Skloot lançou em 2010, o livro The Immortal Life of Henrietta Lacks (A Vida Imortal de Henrietta Lacks), um documento precioso com toda a trajetória de Henrietta e tudo que já foi relacionado com as células HeLa, também conta como ficou a família de Henrietta. David Lacks, o marido de Henrietta, morreu em 2002. Foi levantado suspeitas por questões raciais, frequentes no Sul dos EUA, pelo tratamento dado a Henrietta. Os membros da família Lacks contaram como ficaram surpresos sobre as pesquisas com as células de Henrietta e como foram retiradas sem o consentimento de ninguém  e como ainda estavam vivas depois de mais de 60 anos de sua morte.
Com ajuda de cultivo de células HeLa foi produzida a vacina contra a poliomelite, foram criadas as primeiras células híbridas entre ser humano e rato. Além da criação do medicamento Herceptin, contra o câncer de mama. Com as células HeLa, foram desenvolvidas diversas terapias genéticas e criados diversos medicamentos para tratar por exemplo, o mal de Parkinson e a leucemia. 
A história de Henrietta Lacks mostra os questionamentos legais e éticos na investigação em Biomedicina.

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