quarta-feira, 13 de junho de 2012

AS CHANCES PARA O FRACASSO: RIO + 20

Tudo leva a crer que a Rio + 20 só vai servir para jogar nosso dinheiro fora para os chefes de Estado posarem de bacanas. A imprensa mundial trata o evento com a desimportância que merece. Basta acessar os sites da BBC, CNN, Guardian, New York Times e El País para ver que não dão a menor bola para a Rio+20. O sempre crítico Le Monde tem um artigo que usa como motivo para dar uma cutucada na Dilma, explicando sua benevolência com os ruralistas na questão do novo Código Florestal. 

O mundo está imerso em uma grave crise econômica, e após vinte anos, o Rio de Janeiro torna-se novamente palco de um encontro que pretende traçar novos rumos para a sociedade global através do meio ambiente. No entanto, a escolha do caminho a ser percorrido pode representar um duro retrocesso nas conquistas ambientais obtidas nas últimas duas décadas.

Sem grande expectativa de obter resultados significativos, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 tentará assegurar um novo compromisso internacional para estimular práticas menos danosas ao meio ambiente através do meio de produção econômico atual. Pois como falar em Desenvolvimento Sustentável se ninguém quer mudar os seus hábitos de consumo, sua forma de produção e de exploração?

Quando for encerrado, no dia 23 de junho, a ONU (Organização das Nações Unidas) deve apresentar um documento final que definirá as diretrizes das políticas ambientais internacionais a serem seguidas nos próximos anos, intitulado “O Futuro que Queremos”. Mesmo que a criação e aplicação de novos tratados só deverão ocorrer a partir de 2016. O novo documento terá o papel de substituir os Objetivos do Milênio, que já é para 2015 .

De acordo com muitos especialistas a Rio+20 já começa com grandes chances de ser um grande fracasso, e por culpa de seus próprios conceitos. “O problema é que a solução que procuram está dentro de uma visão de mundo completamente exaurida. Pensar em crescimento econômico pela lógica da acumulação do capital, com a exploração exaustiva dos recursos naturais é contraditório, exatamente por ser um modelo insustentável”, afirma a antropóloga e ambientalista Iara Pietricovsky.

"Reivindicar uma mudança de sistema econômico pode ser muita coisa. Mas o que é realmente incompatível e deve ser evitada é a lógica baseada na acumulação através do aumento da produção, que é apenas um dos aspectos do capitalismo. Simplesmente porque ela está além dos limites físicos do planeta", diz a socióloga Marijane Vieira Lisboa, da PUC de São Paulo.

O que poderá ser importante nesse encontro é o consenso para a ampliação dos poderes do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Também é possível que o encontro chegue a uma alternativa para a substituição do PIB (Produto Interno Bruto) como critério de prosperidade.

“A Rio+20 é uma conferência de partida, não de chegada. A partir dela, vamos reformular toda a discussão e forma de trabalhar o desenvolvimento sustentável”, afirmou o porta-voz da ONU, Giancarlo Summa.

"Dá até a impressão de que os problemas ambientais começaram agora, sendo que, na verdade, datam desde a Revolução Industrial”, ironiza o físico e ex-ministro do Meio Ambiente José Goldenberg, que, há vinte anos, participou ativamente das articulações da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92. Ele lembra que, restando pouco tempo para o início daquele encontro, também havia um cenário de indefinição “Ainda assim, conseguimos concluir a Convenção do Clima [que deu origem ao Protocolo de Quioto], a da Biodiversidade e a Agenda 21 [que serviu de embrião para os Objetivos do Milênio]”, lembra.

“Trata-se uma saída de marketing que inventaram para não sair mal na foto, uma desculpa pelos fracassos óbvios. Se é uma partida, está muito atrasada”, diz Marijane, que afirma que os acordos da Rio 92 foram modestos e muito mal implementados. Não à toa, os resultados nos últimos anos de todos os medidores ambientais só demonstraram piora.

Sabemos que algo precisa ser feito com urgência e não dá para ficar marcando bate-papos de vinte e vinte anos e vendo o mundo como está. Tem que ser pensado algo efetivo para diminuir a pobreza sem que isso exaure ainda mais as fontes do planeta, já que  estimativas dizem que nos próximos quarenta anos a população do planeta Terra vai aumentar cinquenta por cento.
Se você acha que tua cidade está engarrafada, fedorenta, poluída e perigosa, vai se preparando. Se em 2012 o capitalismo não dá conta nem de garantir a subsistência dos que vivem na rica Europa, que dirá arrumar emprego, comida, água portável, casa e remédios para mais três bilhões de pessoas...

Salve-se quem puder...

Um comentário:

  1. Como tu bem disseste, o problema é esse mesmo: resolve-se de um lado, mas estraga-se por todos os outros, inclusive - e principalmente - por dentro. Só uma mudança de sistema poderá salvar-nos e ao planeta, mas, como tu bem citasta na primeira linha do texto, DINHEIRO é quem dá as cartas, fazer o quê? A subsunção à espetacularização midiática que os organizadores almejam, idem... pena, pena, pena! Mas a gente sobrevive aos poucos: acredito piamente em soluções e estratégias "locais", para não gritar ÍNTIMAS! (WPC>)

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