segunda-feira, 4 de junho de 2012

O DESEMPREGO CRESCENTE NO MUNDO E AS REVOLTAS SOCIAIS


A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em seu anual “Relatório Sobre o Trabalho no Mundo 2012: empregos melhores para uma economia melhor” 1 – informou que ainda restam 50 milhões de empregos a menos do que havia às vésperas da eclosão da mais recente crise periódica do capital (2008/2009).
Pelo menos nos últimos setenta anos, nunca houve tanta demora no preenchimento de vagas de trabalho. Vejamos outras informações importantes do relatório da OIT:

● Desde 2007, antes da mais recente crise econômica mundial, as taxas de emprego aumentaram só em seis das trinta e seis economias ricas. Mesmo com os sinais de retomada econômica em certas regiões e países, a situação mundial do emprego é extremamente inquietante e não dá mostra nenhuma de alguma recuperação no futuro próximo. Com os dados coletados podemos dizer que aproximadamente 50 milhões de postos de trabalho foram perdidos na comparação com antes da crise, é muita coisa.
● O desemprego se ampliou particularmente entre grupos mais vulneráveis, como os jovens (idade de 15 a 24 anos). As taxas de desemprego dos jovens aumentaram em cerca de 80 por cento nos países ricos e em cerca de 66 por cento nos países pobres (“emergentes” ou “em desenvolvimento”). Em média, mais de 36 por cento dos jovens que procuram emprego nas economias ricas estão sem emprego por mais de um ano (desemprego de longo prazo).
● Os níveis de pobreza aumentaram em 50 por cento nas economias ricas e em 33 por cento das economias pobres. Ao mesmo tempo, as desigualdades se aprofundaram em 50 por cento das economias ricas e em 25 por cento das economias pobres. As desigualdades também se ampliaram em termos de acessoà educação, alimentação, terra e crédito.
● Em média, mais de 40 por cento dos trabalhadores procurando emprego nas economias ricas estão desempregados há um ano ou mais. Esses desempregados de longa duração são desmoralizados e perdem suas qualificações, o que afeta suas chances de encontrar um novo emprego. A maioria das economias pobres, ao contrário, registra um recuo do desemprego de longa duração assim como das taxas de inatividade. A taxa de desemprego de longa duração aumentou mais significativamente na Dinamarca, Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.
● O trabalho a tempo parcial não voluntário aumentou em dois terços das economias ricas. O emprego temporário também aumentou na maioria dessas economias. O emprego informal situa-se em mais de 40 por cento em dois terços dos países pobres. Nos países ricos, os novos empregos criados no período recente também são cada vez mais precários. As formas de emprego não convencional estão a aumentar em mais da metade das economias pesquisadas.
● Em 26 dos 40 países dos quais a OIT dispõe de dados, a proporção dos trabalhadores cobertos por um acordo coletivo declinou entre 2000 e 2009. Vinte e oito por cento dos países pobres implantaram políticas visando reduzir as contribuições sociais durante a crise 2008-2009, frente a sessenta e cinco por cento nas economias ricas.
● Atingindo 19,8 % do PIB em 2010, os investimentos mundiais ficam a 3,1 pontos percentuais abaixo da média histórica, com tendência baixista mais pronunciada nas economias ricas. Em todas as regiões, as pequenas empresas tiveram seus investimentos afetados pela crise de maneira desproporcional.
 
Verificamos (ou confirmamos) com os dados da OIT que ocorre atualmente uma tendência à globalização da miséria da periferia em direção às principais metrópoles imperialistas. O risco maior de termos  com essa pauperização globalizada uma forma de aumentar a taxa de exploração na ponta do sistema.
Inegável que as grandes corporações e demais capitalitas estão se aproveitando dessa estratégia de esmagamento dos salários e das condições de existência da classe operária nas principais economias do sistema – Estados Unidos, Zona do Euro e Japão.
Conseguiram evitar a crise geral do capital aumentando adequadamente a taxa global de mais-valia e, simultaneamente, a pobreza das massas operárias.
Os patrões, não parecem muito preocupados com as consequências sociais, no futuro próximo, dessa perigosa estratégia de manipulação sanguinária do exército industrial de reserva mais globalizado do que nunca. Seus economistas e seus burocratas das instituições multilaterais, ao contrário, estão inquietos – os redatores do relatório da OIT, por exemplo, advertem logo de cara para a necessidade de se prepararem para “uma nova fase ainda mais problemática da crise mundial do emprego”.
Primeiramente, anotam eles, os jovens serão os mais afetados: “Entre os grupos por idade, desde 2007, a taxa de desemprego de longo prazo apresenta maior crescimento entre os jovens do que entre os adultos. Na metade das economias ricas, a taxa de desemprego entre os jovens passa de 15 por cento. Do mesmo modo, as taxas de inatividade também cresceram mais entre os jovens em todas economias. Isso tem um enorme custo econômico, em termos de perda de qualificação e motivação, e pode provocar uma depreciação do capital humano. Isso pode ser acompanhado também por movimentos sociais com crescimento dos conflitos sociais, revoltas, degradação, e assim por diante”.
Para medir as consequências sociais do desemprego, os funcionários da OIT apresentam um novo e interessante índice, que, doravante, tal como a taxa de desemprego, acompanharemos atentamente: “O clima social se deteriorou em numerosas regiões do mundo e novas turbulências sociais podem acontecer.
Segundo o Índice das Turbulências Sociais, como aparece neste relatório, 57 dos 106 países analisados mostram um risco crescente de conflitos sociais em 2011, frente a 2010”.

1 International Labor Organization – “World of Work Report 2012 – better jobs for a better Economy” – Genebra, 29/Abril/2012. www.ilo.org

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